Olhando para a minha vida!

"Em vez de possibilidades, realidades é o que tenho no meu passado, não apenas a realidade do trabalho realizado e do amor vivido, mas também a realidade dos sofrimentos suportados com bravura. Esses sofrimentos são até mesmo as coisas das quais me orgulho mais, embora não sejam coisas que possam causar inveja." (Viktor E. Frankl)

domingo, 25 de setembro de 2011

A Educação e o Futuro dos nossos filhos




"Você quer criar seu filho para vida ou para passar no vestibular? Dependendo da sua resposta será a escola que você vai escolher para o seu filho."


Nunca mais esqueci o momento onde, com um grupo de estudo, discutíamos o que almejávamos no futuro para nossos filhos como cidadãos do mundo. Antes de o meu filho nascer eu já sabia o que desejava para ele como ser humano, certa do meu papel em criá-lo para a vida, como uma oferta de Deus confiada a mim.

Vários quesitos pesaram na escolha da metodologia de educação mais adequada à meu filho, com certeza, tal proposição acima foi uma delas. No princípio, desejava matriculá-lo numa escola sócio-construtivista, foi quando conheci o método Montessori, este veio ao encontro da maneira como meu marido e eu desejávamos que nosso filho fosse educado: com uma pedagogia que respeita as necessidades e os mecanismos evolutivos de desenvolvimento da criança, buscando desenvolver através dos seus materiais a inteligência e a imaginação criadora, tudo isso com uma ordem disciplinar.

Escolher uma escola que despertasse o senso crítico e criativo foi um dos fatores determinantes, porque a meu ver, essas duas qualidades - capacidade crítica e criativa - fazem muita diferença na formação do ser humano, além de outros valores adquiridos na família, na espiritualidade e na sociedade, como exemplo, solidariedade, compaixão, respeito, entre outros.

Por que entrei nesse assunto? Tenho observado, ultimamente, muitos pais ao buscar incessantemente pelo sucesso e conforto financeiro, estão criando grandes expectativas nos seus filhos quanto a um futuro promissor. Desde o maternal - digo três anos de idade - desejam formar "pessoas de competência" primeiro para passar no vestibular e depois para se tornarem profissionais de sucesso, o que na minha opinião, muitas vezes infelizmente acabam negligenciando a infância e as necessidades lúdicas de seus filhos, como o tempo livre e o direito de brincar, matriculando-os em escolas que mais formam máquinas de reprodução de ensinamentos do que seres pensantes, com a falsa idéia que quanto mais cedo tiverem abarrotados de informações, melhor estarão preparados.

Concordo que para nós pais a escola é um investimento econômico, emocional e afetivo, onde nossos sonhos serão realizados e nossos filhos uma promessa de pessoa feliz e realizada. Para tanto, temos que ter cuidados na maneira pela qual estamos colaborando para tal promessa se concretizar eficazmente.

Conversando com a vó de uma coleguinha do meu filho que mora mesmo no condomínio, esta me disse que sua neta de sete anos estuda demais e quando chega em casa tem muitas tarefas, não tendo quase tempo para brincar, já com muitas matérias para estudar - nota, sua vó foi professora e não concorda com esse despejo de informação que as escolas privadas estão fazendo - depois vejo a mãe da garota marcando horários para mais de uma matéria com uma professora de reforço escolar para garantir o sucesso da filha antes da prova. Como já ouvi outros relatos tipo, vou mudar meu filho de quatro anos para uma escola que dê mais matérias e puxe mais nos estudos, afinal tenho que prepará-lo para o futuro, como também de uma amiga que disse que na escola da sua entiada, durante o intervalo, as crianças menores não brincam, cada uma fica no seu canto, ou estudando ou jogando no celular, entre outros tantos que me fizeram questionar os valores de hoje em relação à criação de nossos filhos e essa nova visão de educação em prol de um futuro melhor.

Li numa coluna do Dr. Leonardo Posternak na revista Pais & Filho sobre uma mãe preocupada com sua filha de três anos porque ela levaria na escola que deseja matriculá-la um par de anos para estar apta a ler Shakespeare na língua inglesa. Lógico que o doutor em seu artigo "O 'inteligente' fracasso escolar " estava em desacordo com tal inquietude da mãe e no decorrer do texto fez uma pergunta fundamental: quando será tempo de ser criança? Segundo esse pediatra, a estressante e urgente realização dos pais sobre a criança inicia logo que ela nasce, onde o filho "tem que" (minhas aspas) se desenvolver na data certa marcada nos manuais, como engatinhar, andar, falar, desfraldar... Depois tem que falar outras línguas e ser um expert em ciências da computação! Muitas vezes, colocando-as cedo em cursos extra-curriculares. E quanto antes melhor, afinal tem que enfrentar esse mundo veloz e esmagador, contudo, gerando nas crianças problemas individuais e sociais em resposta ao que o mundo adulto, moderno e global requer delas.

De acordo com a jornalista Claudia Visoni em sua matéria Excesso de competição faz mal a saúde, publicada na coluna da revista Pais & Filhos, as crianças estão sendo treinadas desde o berço para serem competitivos e ultrapassar concorrentes, criando uma geração de adolescentes estressados, que para aliviar tal sintoma, encontram na bebida e nas drogas um alento para essa disputa constante pelo podium acadêmico ou profissional. Perguntando, até que ponto vale a pena colocar em risco a saúde física e mental de nossos filhos em prol de uma busca incessante pelo sucesso?

Mariana Setubal em seu artigo Já pra fora!, na revista Pais & Filhos, afirma que as crianças precisam de espaço para brincar e descansar, de contato com a natureza, passeios, atividades ao ar livre onde possam imaginar, inventar, imitar, usando o raciocínio e, principalmente, exercendo a criatividade que vai acompanhá-la para toda vida. "Crianças criativas se tornam adultos criativos, cheios de idéias e inovações geniais". Ela defende as brincadeiras, ou seja, situações lúdicas dentro da sala de aula formalizadas depois na aprendizagem. Tal premissa eu concordo em gênero, número e grau.

Num outro artigo "Muitos brinquedos e poucas brincadeiras" de Claudia Visoni, ela percorre sobre a importância da fantasia no mundo da criança, onde a mesma libera sentimentos, expressa pensamentos e experimenta tanto a obediência às regras quanto a irreverência.

Conforme li em vários artigos, os especialistas são unânimes em dizer que criança precisa de tempo livre, portanto, nós pais devemos rever nossos valores, propiciando aos nossos filhos uma vida mais qualitativa no presente que, certamente, servirá para o futuro.

Devemos nos preocupar com a capacitação de nossos filhos não para o mercado de trabalho e sim para vida! Porque a premissa é certa, capacitando-se para a vida, automaticamente, torna-se mais fácil entrar e ficar no mercado de trabalho. O empenho individual é primordial para a competência e sucesso profissional, para isso, é preciso pensar além de um diploma, devemos buscar propiciar momentos mais lúdicos aos nossos filhos pequenos dentro e fora da escola.

Um comentário:

  1. Oi Gi!

    Antigamente, os pais criavam seus filhos para terem basicamente 3 profissões: médico, professor(a) ou padre(se considerarmos como profissão). Havia segurança, não havia carros nas ruas e as crianças podiam ser crianças de verdade: jogavam bola, brincavam de bonecas, inventavam brinquedos com o que tinham pela frente. Os pais almejavam uma vida confortável para seus filhos, que casariam e lhes dariam netos. Mas os tempos mudaram: as capitais foram inflando com o êxodo rural, houve piora na qualidade de vida, aumento de violência, avanço na tecnologia. Fatores que hoje tornam a vida por demais estressante e sem dúvida competitiva. E a tendência é ficar pior: pessoas que não medem esforços para subir na vida, desrespeito às leis, corrupção. Mazelas que infelizmente ficarão conosco pelo resto de nossas vidas. A estrutura familiar foi desfeita e acredito ser este um fator fundamental para o equilíbrio. Acredito que como pais, devemos enxergar o potencial dos nossos filhos e direcioná-los para a vida. Não há dúvida que em determinado momento eles terão que entrar nesse jogo de competitividade. Mas veja o lado bom: pessoas como eu e você pensamos diferente, e como nós, outras pessoas; já há uma mobilização para que a pressão seja menor e que a criança seja realmente criança. O amor que temos por nossos filhos e a necessidade de vê-los felizes já é, como se diz, "meio caminho andado". O lúdico está no dia-a-dia, quando nos propomos a ler uma historinha e interpretá-la como se fôssemos um dos personagens, ou quando os ajudamos a fazer barraquinha com os lençóis(sem se importar com a bagunça), quando damos massinha ou canetinhas em suas mãos sem nos preocuparmos com as paredes...porque isso é ser criança. Cada uma em seu tempo, em sua época. Daqui para frente a tecnologia tentará fisgá-los, mas com jeitinho, saberemos dosar suas necessidades. Não serão competitivos, serão crianças felizes. Lá na frente, na hora do vestibular, suas cabecinhas estarão leves; já serão adolescentes decidos por uma profissão. Saberão que dali para frente será dureza, mas terão a certeza de que o tempo de aproveitar passou, e graças a nós, serão adultos felizes!

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