Olhando para a minha vida!

"Em vez de possibilidades, realidades é o que tenho no meu passado, não apenas a realidade do trabalho realizado e do amor vivido, mas também a realidade dos sofrimentos suportados com bravura. Esses sofrimentos são até mesmo as coisas das quais me orgulho mais, embora não sejam coisas que possam causar inveja." (Viktor E. Frankl)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Qual é o foco da educação dos nossos filhos?

Será que perdemos o foco da educação dos nossos filhos?

Inspirada em leituras sobre educação, tema da revista Sorria, edição 18, "Educação - qual é a melhor maneira de ser humano?", vendidas nas farmácias da Droga Raia, retomo meus texto sobre a educação dos nossos filhos na primeira infância. Gosto desse tema e procuro sempre me atualizar porque se trata do futuro daqueles que amamos, e sempre aprendemos e reciclamos nossa visão com especialistas no assunto.

Liberdade, igualdade e fraternidade deveria ser o princípio inicial e básico na construção de uma sociedade. Porém, em minha opinião, estamos aquém de formarmos novos cidadãos com esses princípios. Nessa sede desenfreada de instruirmos nossos filhos para uma sociedade mais competitiva, esquecemos de valorizar na educação escolar a formação humana.

Estamos "contaminados" demais pelo saber do lado prático que nos ensina a ler e escrever e fazer contas - que é muito importante, não tenho dúvidas - mas desde que não tiramos o foco do lado humano o qual constrói cidadãos mais humanizados, despertando valores na importância de ser do mundo e participar dele de maneira eficaz para melhorá-lo.

Achamos que nossos pequenos, ainda na educação infantil, devem entrar nesse esquema competitivo enquanto que ainda estão na fase de absorver valores como ética, cidadanismo, convivência com a diversidade (religião, classe social, deficiência mental, física, problemas visuais e auditivos), sustentabilidade, consumo, alimentação e criatividade. Valores, hábitos e mudanças os quais essa nova era necessita na formação dos nossos futuros jovens e adultos. Como sabiamente diz o meu filho: Para cuidar do planeta!

Daí levanto outra questão nessa fase inicial da vida: Será mais importante saber contar até 100 ao invés de se capacitar a projetar, a criticar, a opinar, a questionar, a refletir, a estimular a curiosidade do conhecimento de uma maneira mais natural e intrínseca? Saberes esses que formarão eficientes profissionais nas áreas de artes, ciências, tecnologia e, principalmente, em pessoas melhores.

Finalizo essa breve reflexão com o comentário de Rita Loiola em seu artigo "As portas da Percepção" para a revista acima referida: A verdadeira essência da educação consiste em abrir portas, desvendar universos, e assim nos permitir ser pessoas mais completas, num mundo melhor.

P.s.: imagem retirada do site Educação Infantil - Instituto Anglicano Barão do Rio Branco de Erechim - RS

domingo, 16 de outubro de 2011

Quando dói no coração!




"Porque, quando estou fraco, então, é que sou forte"

(II Corintios, 12:10)

Devemos sempre procurar aprender com os nossos momentos de adversidades e saber entregar a Deus nossos problemas. Após semanas de calmaria em minha vida, dando-me um fôlego às minhas emoções, tive uma semana tensa, o mar ficou revolto, me deixando triste e ao mesmo tempo, me deparando com novos desafios e, certamente, novas superações.
É impressionante como a vida, nesses últimos dois anos, vem me apresentando situações difíceis às quais espero não estar decepcionando-a com minhas respostas diante delas.
Meu filho muito amado está dando respostas muito positiva quanto a sua superação do Mutismo Seletivo, muito bem observado quando uma amiga me diz que ele está, inclusive, mais feliz! Feliz por que ele está conseguindo se exteriorizar, com algumas pessoas fora do âmbito de confiança dele, com alguns verbalizando menos palavras, com outras, frases inteiras. Todavia, nesta bela rosa se desabrochando há também espinhos a serem podados.
Com a verbalização mais em evidência, as emoções sendo "destravadas" aos poucos, também estão emergindo sentimentos de tensão, onde o corpo tornou-se um meio de expressão de suas contrariedades e resistências, debatendo as pernas, se jogando no chão, saindo correndo... Principalmente com pessoas mais próximas como eu e seus amiguinhos companheiros.
Confesso meu estranhamento diante dessa nova realidade e comportamento do meu filho, pois estava acostumada com um filho mais calado e calmo quando em convívio social. Entretanto, essa mansidão toda não era sinônimo de criança plena e feliz. Hoje, ele precisa encontrar o equilíbrio quando desejar mostrar suas vontades ou contrariedades.


"O Essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração"

(Antoine de Saint-Exupéri).

Desde que meu filho estava em meu ventre, eu pedia à Deus a sabedoria de Maria - mãe de Jesus - para criá-lo. Nessa semana não foi diferente, reforcei meu pedido, entregando a Ele esse momento atual pelo qual está passando meu filho, fase esta de libertação, superação e transformação. Desejo sempre ter a visão dos sábios e não apenas as dos inteligentes para com meu filho, por que os sábios olham com calma, contemplam, observam nas entrelinhas da alma.
Hoje, com quatro anos de idade, como foi me profetizado há muitos anos atrás, eu o vejo como um ser iluminado, é assim que ele viria ao mundo. E penso que tão cedo, nesse início de caminhada nessa estrada da sua vida, ela já lhe pede pequenas respostas e, se bem orientado desde já, se tornará um adolescente e um adulto mais maduro e forte diante dela e seus desafios constantes.
Nesse ínterim, reflito, será que quem está a nossa volta tem toda a compreensão e discernimento deste momento?
"Mais vale uma gota de veneno do que um oceano de amor", aprendi tão nova esse dito popular, o qual acho bem certo e aplicável. Concordo com outra amiga que criar um filho, praticamente sozinha, não é fácil, nossas falhas são muito mais apontadas e cobradas do que nossos acertos na educação dos nossos filhos. E eu já senti isso na pele, "ser mãe dói e muito, algumas vezes sangra por dentro".
Quando vejo, mais de uma vez, o Pe Fábio de Melo elogiar e declarar em público todo amor, admiração e reconhecimento que ele sente por sua mãe, eu me emociono, por que ele simplesmente não se refere a Dona Ana como uma mulher santa ou perfeita, e sim, como uma mãe Cheia de Graça, que apesar de toda a sua falibilidade humana deu o seu melhor para torná-lo na pessoa que hoje ele se apresenta a nós, e que muitas vezes é instrumento de luz divina na minha vida.
Sei que, mais uma vez, a vida está me dando oportunidades de lapidar ainda mais esse diamante que forma meu ser, por meio desse momento de superação junto com meu filho, ela espera de mim mais amor, compreensão, tolerância e respeito por ele; "todos os adjetivos que nos formam nos integram como pessoas" muito bem citado pelo Dr. Saul Cypel, neurologista infantil, em seu artigo Calma, calm down, calmate, publicado na revista Pais&Filhos (set./11).
Reconciliando com meu coração de mãe, vejo meu filho amado, além de mais feliz, mais bonito e com mais vivacidade e isso é motivo de muita felicidade e comemoração! Louvado seja, amém!

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Vivendo com os contrários



Iniciei meu sábado machucando minha testa numa tentativa de voltar para cama e poder dormir mais um pouco, já que eram seis horas da manhã. Certamente, tal estrago resultará dentro de semanas ou meses numa mancha escura, quiçá uma bela cicatriz, porque eu tirei a pele ficando um buraco no lugar. Tudo bem, lógico não dormi mais, correndo atrás do prejuízo, e depois fui feliz ao piquenique com meu filho e amigos da sua escola com um "baita" curativo na testa, quase não chamou a atenção, fora as piadinhas à parte.
Lá no bosque, volta e meia, se ouvia uma criança chorando com ferimento, fruto de algum tombo em decorrência de muita brincadeira, momentos vividos intensamente. Daí a mamãe colocava um gelinho ou um curativo ou simplesmente um beijinho e tudo estava bem novamente.
Nesse ínterim recordei das minhas marcas nas pernas, herança de uma infância vivida em todo sua plenitude, me orgulho de lembrar dos grandes momentos que tive ao lado do meu avô. Tais marcas certamente deixaram minhas pernas menos atraentes desde a adolescência, entretanto, trazem à luz vivências lúdicas as quais eternizaram em meu ser de uma maneira positiva.
Tudo isso faz parte dos "contrários da vida", conforme explana tão bem meu querido padre Fábio de Melo em seu livro Tempo de Esperas. As cicatrizes que ontem geraram dor e choro, hoje me revelam felicidade! Ciente disso, nunca me importei por tê-las, numa atitude de reconciliação com meus contrários, sempre refiro-me a elas como resultado de algo bom e revelador da minha infância de molecagem. E assim procuro levar minha vida com as marcas físicas e emocionais.
Por essa razão, remeto-me ao filme A Vida é Bela, dirigido e protagonizado por Roberto Benigni, o qual na minha opinião é um dos melhores filmes que assisti, onde sabiamente o autor nos apresenta uma situação cheia de "contrários" e também sabiamente nos faz perceber que, apesar do momento trágico dentro de um campo de concentração, podemos dar um sentido diferente, com mais leveza as nossas vidas. Mas como isso é possível?
De acordo com o filósofo Henri Bergson, citado no livro acima, o personagem do filme, Guido, levado ao campo de concentração junto com seu filho Giosué de cinco anos, reconhece em seu filho o vínculo que nos prende a vida, o "elã vital", a força que nos move, que nos conduz e que traz um significado ao cotidiano que nos envolve. E com maestria nos revela o valor da vida, mesmo dentro de uma situação de adversidade e sofrimento. E sob o prisma de uma criança e sua pureza de coração, o pai insere o filho num "jogo da vida", onde o menino acredita no pai herói e que de fato, no final, vence o jogo e ganha como prêmio um canhão de guerra.
Voltando ao meu ferimento, assim que vi a foto tirada de todas as mães participantes do evento, brinquei com minha amiga, preciso de um photoshop. De fato, tal recurso tem o poder de apagar e modificar supostos "defeitos" na imagem, mascarando a realidade, gerando uma ilusão de perfeição. Entretanto, essa ferramenta mágica não tem o poder de remover todo o significado que as cicatrizes nos trazem, da dor vivida e da experiência frutificada, seja ela de superação ou não.
Apesar do ocorrido, optei por fazer as pazes com meu ferimento e me permiti viver intensamente aquele piquenique como mais um presente de Deus em minha vida, infelizmente meu filho teve febre e não curtiu o momento com seus amiguinhos. Chegando em casa, percebi que o problema era inflamação na garganta, e ele teve que entrar no antibiótico, o meu filho odeia o sabor, já melhor no dia seguinte, eu oportunamente lhe disse que o remédio nojento (como ele se expressa) estava curando a dor de garganta dele, e que a balinha docinha não faz isso. Mais uma vez, vivenciando os contrários da vida.
Gosto dessas analogias, de ver a vida com suas adversidades, com seus altos e baixos, com seus encontros e desencontros, e nosso sucesso ou fracasso, nossa felicidade ou infelicidade, nossa paz ou tormento depende da resposta que a damos diante do que ela nos apresenta.